O que é o Neurofeedback?
Neurofeedback (NFB), também conhecido como retroinformação neurológica, neuroterapia, neurobiofeedback ou EEG biofeedback, é um tipo de biofeedback que utiliza métodos de eletroencefalografia (EEG) ou ressonância magnética exibidos em tempo real para ilustrar a atividade cerebral. O objetivo geralmente é controlar a atividade do sistema nervoso central.
Sensores são colocados no couro cabeludo do paciente para medir a atividade cerebral, exibindo medições em monitores de vídeo ou de som. O neurofeedback baseia-se no registro e análise automática da atividade elétrica do cérebro, sendo frequentemente usado para reabilitação cognitiva.
Definição
O Neurofeedback é um tipo de biofeedback, ou seja, um treinamento que permite ajustar as alterações cerebrais. O cérebro funciona através de descargas elétricas, que são a base da comunicação entre neurônios. Estas descargas podem ser amplificadas e decodificadas por aparelhos de eletroencefalografia (EEG). Um EEG identifica padrões de ondas cerebrais, incluindo a frequência das ondas, medidas em ciclos (pulsos) por segundo. Por exemplo, ondas que pulsam entre 16 e 21 pulsos por segundo são consideradas rápidas, enquanto ondas abaixo de 8 pulsos por segundo são consideradas lentas.
Assim como outras formas de biofeedback, o treino com neurofeedback (NFT) utiliza aparelhos que monitoram continuamente o estado fisiológico do indivíduo. O que diferencia o NFT de outros tratamentos de biofeedback é o foco no sistema nervoso central e no cérebro. O NFT considera aspectos comportamentais, cognitivos e subjetivos, além da atividade cerebral. Durante o treino, sensores são colocados no couro cabeludo do indivíduo e conectados a componentes eletrônicos de alta sensibilidade e programas de software que detectam, amplificam e registram a atividade cerebral específica. O processo não envolve técnicas cirúrgicas, terapias com medicação e não é doloroso. Quando conduzido por profissionais credenciados, geralmente não apresenta efeitos colaterais negativos.
Defensores afirmam que o neurofeedback é um tratamento eficaz para transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) e epilepsia, e há pesquisas em andamento para avaliar sua eficácia no tratamento de autismo, dores de cabeça, insônia, ansiedade, dependência química e traumatismo cranioencefálico. O NFT difere de outros métodos neuro-moduladores, como o treinamento audiovisual (AVE) e a estimulação magnética transcraniana repetitiva (rTMS), que provocam uma resposta cerebral automática com um sinal específico. No nível neuronal, o NFT pretende ensinar o cérebro a modular os padrões excitatórios e inibitórios de conjuntos neuronais específicos, aumentando a flexibilidade e auto-regulação do relaxamento e seus padrões de ativação.
História
Em 1924, o psiquiatra alemão Hans Berger conectou dois eletrodos (pequenos discos de metal) ao couro cabeludo de um paciente e detectou uma pequena corrente elétrica usando um galvanômetro balístico. Entre 1929 e 1938, ele publicou 14 relatórios sobre seus estudos com EEGs, e muito do conhecimento atual sobre o assunto deve-se à sua pesquisa. Berger analisou os EEGs qualitativamente, mas em 1932 G. Dietsch aplicou a análise de Fourier em sete gravações de EEG e tornou-se o primeiro pesquisador a trabalhar com o que mais tarde foi chamado de QEEG (EEG quantitativo).
Mais tarde, Joe Kamiya popularizou o neurofeedback na década de 1960, quando um artigo sobre suas experiências com ondas cerebrais alpha foi publicado em Psychology Today, em 1968. Sua pesquisa envolveu duas partes. Na primeira, o paciente mantinha os olhos fechados e, ao ouvir um som específico, deveria identificar o tipo de onda alpha. Posteriormente, recebia feedback sobre sua resposta. Com o tempo, alguns pacientes desenvolveram a habilidade de distinguir e responder corretamente na maior parte das vezes. Na segunda parte do estudo, indivíduos eram convidados a entrar em alpha ao ouvir uma campainha tocando uma vez e a não entrar em alpha ao ouvir a campainha tocando duas vezes. Alguns conseguiram, outros não. Os resultados foram significativos e atraentes, apesar de não provar universalmente a relação entre os estados alpha e o alívio do estresse.
Mais tarde, Martin Orne e outros contestaram a ideia de que o biofeedback alpha envolvia treinamento que regulava voluntariamente a atividade cerebral. James Hardt e Joe Kamiya publicaram um estudo no Instituto Psiquiátrico Langley Porter da Universidade da Califórnia, tentando comprovar a eficácia do treinamento por neurofeedback. Nos anos 60 e início dos anos 70, Barbara Brown, uma entusiasta do biofeedback, publicou vários livros sobre o tema, tornando o público mais consciente dessa tecnologia. Entre seus livros estão "New Mind New Body" e "Stress and the Art of Biofeedback."
A Associação de Psicofisiologia Aplicada e Biofeedback, fundada em 1969, visava promover uma nova compreensão do biofeedback e avançar os métodos utilizados nessa prática.
A obra de Barry Sterman, Joel F. Lubar e sua equipe indicou a alta eficácia do treinamento beta, especialmente no ritmo sensorio-motor. Esta técnica tem sido usada no tratamento da epilepsia e TDAH. O ritmo sensorio-motor (SMR), que se refere à atividade rítmica entre 12 e 16 Hertz, pode ser registrado próximo ao córtex sensorio-motor e é similar aos fusos de sono no segundo estágio do sono. Estudos de Sterman mostraram que o treinamento de SMR está associado a um processo inibitório do sistema motor e pode aumentar a capacidade de controlar convulsões.
Por anos, o neurofeedback foi uma parte menor do campo do biofeedback. Em fevereiro de 1993, Rob Kall, presidente da Futurehealth, organizou o primeiro encontro anual de Estudos do Cérebro em Key West, Florida, reunindo pioneiros na área. Em abril de 1993, Ken Tachiki, Jim Smith e Bob Grove organizaram um encontro em Catalina Island, resultando na criação da Sociedade Regulamentadora dos Estudos Neuronais (SSNR), que mais tarde se tornou a International Society for Neuronal Regulation (ISNR), conhecida como Sociedade Internacional de Pesquisa e Neurofeedback.
No entanto, o neurofeedback ainda não era amplamente praticado. Por muito tempo, o custo e a qualidade dos equipamentos necessários (entre 5 e 20 mil dólares) foram barreiras à sua disseminação. Apenas no início dos anos 90, com a difusão da informática, surgiram dispositivos mais acessíveis (1-5 mil dólares). Outro obstáculo foi a falta de entendimento entre as classes profissionais envolvidas. Em 1999, a publicação da primeira monografia dedicada ao neurofeedback pela Academic Press trouxe mudanças. Desde então, companhias de seguros dos EUA começaram a cobrir os custos do tratamento para perturbações da atenção. O número de publicações científicas dedicadas ao neurofeedback tem crescido anualmente. Desenvolvido inicialmente nos Estados Unidos, o neurofeedback agora é praticado em diversos países. Recentemente, foram criadas a Biofeedback Foundation of Europe e a filial europeia da International Society for Neuronal Regulation.
Treino
Antes do treino, o paciente preenche protocolos com informações pessoais e pertinentes ao tratamento. Após isso, o cérebro é mapeado, e novos mapeamentos são realizados periodicamente ao longo do treinamento. O mapa do cérebro mostra uma imagem colorida em 2D que reflete o progresso do treino e ajuda a determinar quais aspectos precisam de atenção e quando o treino está concluído.
A essência do treino é aprender as relações entre o comportamento físico ou as atitudes internas e a qualidade do funcionamento cerebral, usando a realimentação de parâmetros de eletroencefalografia. Acredita-se que essa experiência permite uma orientação mais intencional do trabalho da mente e a utilização mais eficiente de seus recursos. O objetivo do treino é utilizar melhor o potencial da mente para agir com mais eficácia, obter melhores resultados e tornar a vida mais feliz.
O plano de treino geralmente abrange de 5 a 60 sessões. Dependendo do caso e do terapeuta, os treinos são realizados, no mínimo, a cada três ou quatro dias ou duas vezes por semana. Durante o treino, o paciente realiza tarefas para promover as mudanças desejadas e participa de atividades com jogos, vídeos ou músicas, que servem como estímulos para obter feedback. Com base na avaliação, um plano de treino personalizado é desenvolvido para otimizar o tempo de treino, focando nas áreas do cérebro que precisam de mais atenção.
Para otimizar o efeito dos treinos, o paciente deve estar engajado e concentrado. Alguns dispositivos são ajustados para que o paciente permaneça atento e ativo. Durante o treino, que dura em média 30 a 45 minutos, o paciente utiliza sensores colocados no couro cabeludo, conectados a um computador, que controla a intensidade do feedback.
O neurofeedback é utilizado principalmente para a reabilitação do cérebro em várias condições clínicas e para o desenvolvimento de habilidades cognitivas e emocionais. Também é importante para o tratamento de distúrbios relacionados ao desenvolvimento e ao comportamento, como TDAH, autismo, depressão e ansiedade.